sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Policiais militares são indiciados pela morte de Maria Eduarda em julho


Dois policiais militares foram indiciados pela Polícia Civil no inquérito que apura morte de Maria Eduarda Ramos de Barros, a garota de 9 anos, que foi morta na Cidade Universitária durante a intervenção da Polícia Militar a um assalto, em julho deste ano.
De acordo com o inquérito, divulgado na manhã desta sexta-feira (29) no auditório da Secretaria de Defesa Social (SDS), o tiro que atingiu a menina foi disparado pelo soldado Erenildo Januário da Silva, de 32 anos. Além dele, o sargento Aldo Fernando da Silva, 34 anos, também foi indiciado, ambos por homicídio doloso – quando há intenção de matar.
O delegado do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), que assina o inquérito, Joel Venâncio, disse que o resultado do inquérito foi baseado nas perícias realizadas no corpo da menina e no carro da família, além dos depoimentos.
“Foram 39 depoimentos que apontam que não houve reação por parte dos assaltantes. Se eles tivessem reagido, justificaria o fato dos policiais terem atirado em legítima defesa ou em defesa das vítimas, mas não foi isso que aconteceu”, declarou o delegado.
Apesar dessa constatação, Joel Venâncio não pediu a prisão preventiva dos acusados. “O pedido de prisão preventiva só é feito quando os acusados podem causar embaraço ao procedimento, em caso de tentativa de fuga ou quando são criminosos contumazes, acostumados a cometer outros crimes, o que não é o caso”, justificou.
Desde que aconteceu o incidente, os policiais foram afastados das ruas e cumprem funções administrativas. O inquérito será encaminhado ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que pode solicitar novas investigações ou denunciar os acusados à Justiça. Uma cópia do documento também foi encaminhada à Corregedoria da Polícia Militar de Pernambuco.
RELEMBRE O CASOPassava das 23h do dia 18 de julho quando o carro onde estava um casal e cinco crianças foi abordado por assaltantes, na Cidade Universitária.
De acordo com os parentes de Maria Eduarda, os bandidos já tinham terminado o assalto quando a polícia chegou atirando. Um dos assaltantes fugiu e o outro entrou no carro da família para se proteger dos tiros.
Maria Eduarda Ramos de Barros levou um tiro no peito e morreu no hospital. Outras duas crianças ficaram feridas: Bruna Vitória, 11 anos, e Caio Malveira de Albuquerque, 6 anos. O engenheiro Márcio Malveira de Barros Silva, que dirigia o carro, levou um tiro de raspão na cabeça.
Naquela noite, dois policiais militares prestaram depoimento no DHPP e contaram que reagiram porque os bandidos teriam atirado primeiro. Os dois passaram a exercer funções administrativas na polícia.
Um adolescente de 14 anos foi detido, suspeito de integrar o grupo que abordou a família de Maria Eduarada. O primeiro exame feito por peritos do Instituto de Criminalística mostrou que não havia pólvora nas mãos dele.
No entanto, o mesmo exame deu positivo em relação a Marília Leôncio, 18 anos, presa no dia seguinte. No último dia 7 de agosto, a polícia apresentou mais um suspeito de participar do crime, José Roberto Lima dos Santos, 18 anos. Ele foi preso em Barreiros, na Mata Sul de Pernambuco.

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